Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


domingo, 4 de outubro de 2009

Vamos fazer uma aposta?

Vamos fazer uma aposta - que naturalmente, da minha parte, não será cumprida caso você vença. Não por cretinice, mas por impossibilidade virtual.

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Vamos lá. Você lê o artigo e se, antes de terminar, advinhar quem o escreveu, ganha um doce, ou salgadinho se preferir. O artigo está num blog dedicado a um Estado brasileiro e foi publicado na última sexta-feira na Folha de São Paulo.
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* Um cartão ouro

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Ninguém tem a verdadeira noção da importância de possuir um cartão de crédito. Ainda mais se for Ouro. É que pessoa nenhuma se dá ao luxo de ler a documentação que o acompanha. Em primeiro lugar, você é distinguido com uma carta personalizada do presidente de um dos maiores bancos do Brasil e às vezes do mundo. Ele diz que está muito feliz por ter sido escolhido por você e lhe agradece com uma dádiva extraordinária: "Para comemorar a sua escolha, você acaba de receber o nosso cartão, que permite comprar em quase todas as lojas do mundo". Para concluir, manda-lhe mensagem carinhosa: "Parabéns. Poucos podem ter este cartão, especial como você."
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Você descobre que pode comprar a prazo "desde que a loja" concorde, pode distribuir na família vários cartões, cada um podendo gastar o que quiser. Dinheiro é o que não faltará, basta que você o tenha, porque senão, ultrapassado o limite, você tem que pagar multas, juros e até pode ter cancelada a sua grande importância de ser Ouro.
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O folder lhe diz que você agora, para sua "felicidade, passa a ter um grande companheiro de viagem", que assegura a você e a seu cônjuge e filhos menores de 23 anos a cobertura de um seguro contra "lesões corporais acidentais" no valor de US$ 250 mil, desde que tenha a "felicidade" de que seja "a única causa de falecimento ou desmembramento". Basta que sua passagem tenha sido comprada pelo seu cartão Ouro.
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E detalha os outros benefícios de que você pode desfrutar e que serão pagos no prazo de 365 dias! Basta que você morra pelas lesões. Mas: "Se você perder ambas as mãos ou ambos os pés, ou a visão de ambos os olhos ou voz e audição, ou um pé e uma mão, ou um pé ou uma mão e a visão de um dos olhos, terá a felicidade de receber do companheiro de viagem US$ 250 mil. Se você perder só uma mão, um pé ou a audição, recebe US$ 125 mil. "Se quiser ganhar algum dinheirinho, vá a um país radical, ponha o polegar onde não deve e ele será cortado, e o cartão paga US$ 62,5 mil pelo dedo.
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Se você passar por uma guerra, ou um terrorista ou soldado lhe pegar, você chega de volta morto e liso. Mas o cartão oferece ajuda para devolver seu corpo ao país, desde, é claro, que você pague.
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Realmente, nada mais importante do que o seu cartão de crédito. Otto Lara Resende, que era, como eu, muito amigo do Magalhães Pinto, brincando com ele, que lhe autorizava alguns papagaios no Banco Nacional, dizia: "Magalhães, você é meu amigo a 4% ao mês". Pois o nosso cartão companheiro de viagem é o máximo: nosso amigo a 14% ao mês. É como se desabafa no Nordeste: amigo assim, só na Baixa da Égua!
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* Quem é o autor do texto?
Se imaginou que foi escrito por José Sarney, você venceu.
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Seria natural alguém escrever sobre o assunto. Mas é estranho que parta de um senador. Principalmente um senador que está em dívida com a honestidade perante todos nós. Talvez pareça radicalismo, mas há diversos assuntos que o deveriam preocupar, em razão do cargo que ocupa. Mas Sarney prefere criticar, com sarcasmo, as vantagens oferecidas pelo CARTÃO OURO.
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Será que o editor do jornal teve intenção de mostrar aos leitores a limitação do mundo em que vive o senador?
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E a canalhice? Está esclerosada?
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O artigo está no
http://amapanocongresso.blogspot.com/2009/10/jose-sarney.html e na edição de sextafeira, Folha de São Paulo Opinião).
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