O Cravo Não Brigou com a Rosa
Roberto Rabat Chame (Jornalista)
Roberto Rabat Chame (Jornalista)
Em homenagem ao excelemte artigo, a música com Elis Regina
Nêga do Cabelo Duro, Qual é o Pente que te Penteia.
Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto. Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo – o homem – e a rosa – a mulher – estimula a violência entre os casais. Na nova letra “o cravo encontrou a rosa/ debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada”.
Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?
É Villa Lobos, cacete!
Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.
Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.
Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.
Dia desses alguém [não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda] foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias ou coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho. (Imagina, então, se ele soubesse que seu filho e netos participaram de uma passeata 'gay'!)
Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado ? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.
Daqui a pouco só chamaremos o anão – o popular pintor de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil – de deficiente vertical . O crioulo – vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) – só pode ser chamado de afrodescendente. O branquelo – o famoso branco azedo ou Omo total – é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente. A mulher feia – aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno – é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade. O gordo – outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão – é o cidadão que está fora do peso ideal. O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito. O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.
Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais… Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.
O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra putaqueopariu e o centroavante pereba tomar no olho do cu, cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.
O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra putaqueopariu e o centroavante pereba tomar no olho do cu, cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.
Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá, já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a “melhor idade”.
Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto.
Muito engraçado, ressalvado o cochilo do “copy desk” em deixar passar bujão ao invés do correto, botijão. Roberto Rabat Chame (Jornalista)
*
Vamos parar com essa idiotice - fantasiada de direitos humanos - que não funciona principalmente na hora de impor a censura. Ora, tenha dó! A
Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Quando tu entras na roda
O teu corpo serpenteia
Quando tu entra na roda
Tem um "q" que me tonteia
Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Ondulado e permanente
teu cabelo é de sereia
Misampli a ferro e fogo
Não desmancha nem na areia
Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Qual é o pente que te penteia ?
Jurema,
ResponderExcluirHá cerca de 19 anos atrás, quando minha filha contava com 4 anos, já se cantava a "nova versão" de "Atirei o pau no gato". Esse processo vem de décadas, nós é que fomos deixando passar...
Só para matar a curiosidade, para quem não conhece, a cantiga virou:
"Não atire o pau no gato
Porque isso não se faz
O gatinho é nosso amigo
Não devemos maltratar os animais!"
Chiste, diz:
ResponderExcluirJú tentei colocar o pequeno discurso de Bil Gattes mas não consegui.
Chiste, diz:
ResponderExcluirEsqueça agora ele esta postado
Chiste, o discurso que tentou colocar é vídeo? Me diz o que é para eu tentar, como o assunto, por exemplo. Às vezes o Google faz milagres.
ResponderExcluirNemo, tenho minhas dúvidas sobre essa forma de cuidar tanto de nossa fragilidade. Isso me lembra o caso do filho de uma amiga. Ele foi criado 'numa redoma', sem nada que o pudesse atingir. Quando pela primeira vez ouviu um não (da meninma que queria namorar) tentou o suicídio. Um "meio" suicídio. Meus amigos ficaram com ódio mortal da menina! Deviam é ter dado uns petelecos nele.
ResponderExcluirFora isso, posso considerar o meu caso (perdoe, porque pelo que vou dizer). Perdi meu pai aos três anos e minha mãe aos quinze. Por pior que seja, isso me ensinou a me virar. Não existe nada pior do que a fragilidadade.
Não é apenas uma musiquinha que vai transformar uma criança num torturador de animais. Se fosse assim, eu já teria matado os gatos da minha cunhada.
Ju
Assim como Mr. Nemo, só conhecia a versão politicamente correta para o Atirei o Pau no Gato ( Prá mim não vai mudar). Agradeço o acréscimo de novas benfeitorias culturais.
ResponderExcluirZé Zuiz...
Você tem toda razão Jurema.
ResponderExcluirNão pretendia defender o "politicamente correto" que, diga-se de passagem, me enoja. Antes, quis salientar que esse é um processo lento, que vem de décadas. Nós é que não estávamos enxergando e, se estávamos, não agimos.
Quem disse que ecologia não é coisa de viado? Cabe a nós proteger os viados campeiros para que não se acabem nas balas dos caçadores; quanto aos outros... sem preconceito desde que não forcem a barra do jeito que estão forçando.
ResponderExcluir(clap) (clap)(clap) (clap)(clap) (clap)
ResponderExcluirMuito bom o Texto.
Jurema, era disso que falava com voce.
Voce é genial, e seu blog é muito bom...
Esqueçamos política (vingativamente) vamos criar uma comunidade onde a democracia reinará, e que o objetivo comum seja buscar soluções sociais.
Adorei o Artigo.
Zilhões de beijos e minhas
Sinceras considerações.
Anderson Leite Lima
Artigo Crânicas e Memoriais.
Chiste, repassando:
ResponderExcluirAqui estão alguns conselhos que Bill Gates ditou em uma escola secundária sobre 11 coisas que estudantes não aprenderiam na escola.
Ele fala sobre como a “política educacional de vida fácil para as crianças” tem criado uma geração sem conceito da realidade, e como esta política tem levado as pessoas a falharem em suas vidas posteriores a escola.
Dica 1: A vida não é fácil - acostume-se com isso.
DiGa 2: O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.
Dica 3: Você não ganhará R$ 20.000 por mês assim que sair da escola e
você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone a
disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e
telefone.
Dica 4: Se você acha seu professor rude, espere até ter um Chefe. Ele terá pena de você.
Dica 5: Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós tem uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
Dica 6: Se você fracassar, não é culpa de seus pais, então não lamente seus erros, aprenda com eles.
Dica 7: Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
Dica 8: Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido, RUA!!!!! Faça certo da primeira vez.
Dica 9: A vida não é dividida em sementes. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
Dica 10: Televisão NAO É vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
Dica 11: Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles.
Chiste repassando:
ResponderExcluirAqui estão alguns conselhos que Bill Gates ditou em uma escola secundária sobre 11 coisas que estudantes não aprenderiam na escola.
Ele fala sobre como a “política educacional de vida fácil para as crianças” tem criado uma geração sem conceito da realidade, e como esta política tem levado as pessoas a falharem em suas vidas posteriores a escola.
Dica 1: A vida não é fácil - acostume-se com isso.
DiGa 2: O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.
Dica 3: Você não ganhará R$ 20.000 por mês assim que sair da escola e
você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone a
disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e
telefone.
Dica 4: Se você acha seu professor rude, espere até ter um Chefe. Ele terá pena de você.
Chiste, continuando:
ResponderExcluirDica 5: Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós tem uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
Dica 6: Se você fracassar, não é culpa de seus pais, então não lamente seus erros, aprenda com eles.
Dica 7: Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
Dica 8: Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido, RUA!!!!! Faça certo da primeira vez.
Dica 9: A vida não é dividida em sementes. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
Dica 10: Televisão NAO É vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
Dica 11: Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles.
Nemo, você me lembrou um caso engraçado (pelo menos eu achei engraçadíssimo). Eram críticas feitas à história do Chapeuzinho Vermelho que, diziam, seria uma história muito maldosa, pois a raposa evidenciava um caso de pedofilia (!). Parece que as pessoas enxergam os seus próprios defeitos onde não existe.
ResponderExcluirComo poderia ser pedofilia, se, antes, a raposa já havia devorado a vovozinha? A não ser que a raposa tenha deixado a pedofilia para sobremesa. Cada coisa, né, não?
Um abração, Ju
Anderson, não tem jeito. Não dá para esquecer política porque é o principal assunto, a partir do nome e da imagem inicial.
ResponderExcluirQuanto a ser vingativa, concordo plenamente com você. Como o estrago já foi feito, agora é catar, com prazer, os arrependimentos diários para mostrar às pessoas a escolha que fizeram. Um bom 'coice' ensina melhor que as aulas no SION.
Gostaria muito de criar uma comunidade com a democracia reinando de cetro e coroa. Mas agora mesmo é que será impossível. Basta ver quais são as intenções do censurador ambulante chamado Franklin Martins.
Mas genial é o jornalista Roberto Rabat Chame. Dei gargalhadas ao ler o artigo.
AH! Você é muito implicante, quando não gosta do que está escrito.
Zilhões de beijos pr'o cê também.
Ju
Chiste,
ResponderExcluirAinda não conhecia esses conselhos de Bill Gates. Vão ser guardados para uso posterior. Pode apostar que vão ser bem úteis.
Beijocas, Ju
Chiste, diz:
ResponderExcluirDesculpas pela quantidade da mesma postagem, mas saia uma mensagem do Google que a postagem não tinha sido aceita por ser grande
Favor deixar uma somente