Ressaca moral
O que os petistas e ex-petistas desiludidos
dizem hoje a
respeito do partido e de Lula
Wilton Junior/AE
Provavelmente estão querendo passar por bons moços,
mas NOS SERVEM (por enquanto)
Senadora Heloísa Helena (ex-petista, hoje no PSOL-AL)
"O PT tem todo o direito de continuar existindo
juridicamente, mas o partido que eu ajudei a construir já morreu. E só
participo de debates sobre ressurreição e reencarnação no âmbito
religioso."
Deputado federal Fernando Gabeira (ex-PT, hoje no PV-RJ)
"Diante das denúncias, os petistas optaram por uma saída
jurídica, em detrimento de uma explicação política. Isso só é possível para
quem já decidiu abandonar a vida pública. Esse comportamento reduziu as chances
de sobrevivência do PT
Deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP)
"O partido confundiu-se com o governo, tornou-se
aparelho do Estado e acreditou que os fins justificavam os meios. Agora, só há
salvação se os responsáveis por tudo isso forem punidos.
José Paulo Lacerda/AE
"O PT foi atingido de forma irremediável. Do ponto de vista do patrimônio da lisura e da ética, acabou jogado na vala comum. E essa situação é irrecuperável. "Deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) .
Senador Cristovam Buarque (PT-DF) Vi
"O PT levará, no mínimo, dez anos para se recuperar. Nos anos 90, elegeu a ética como razão de existir, mas a ética deve ser intrínseca ao partido, e não uma causa. .
Economista e ex-militante petista Paulo de Tarso Venceslau, expulso do PT em 1997
O PT errou: afastou a militância, pôs burocratas no
governo e se entregou às vontades de Lula. E que vontades eram essas? Apenas a
do poder pelo poder. Agora acabou. O castelo de areia ruiu." A historinha indecente da expulsão dele está no livro Já Vi Esse Filme
Deputado federal Paulo Delgado (PT-MG)
"O PT cometeu o pecado original. Comemos a maçã
proibida, o fruto da ambição. Foram muitas mentiras. E o pior é que o PT só
está querendo achar culpados individuais. Não quer assumir o grande equívoco
que cometeu com a nação."
Ex-dirigente petista César Benjamin, em artigo para aFolha de S.Paulo
"Lula sempre compartilhou da intimidade do grupo e foi o
principal beneficiário de suas ações. Garante, porém, que nada sabia. Respeito
quem acredita nisso, assim como respeito quem acredita em duendes."
Felipe Araujo/AE
"Lula esconde a sujeira"
AMIGÃO
Paulo Okamotto: o ex-tesoureiro diz que pagou o empréstimo de Lula com dinheiro do próprio bolso. Pois é...
Da enorme lista de histórias mal explicadas que povoam as CPIs, uma delas é especialmente intrigante: quem pagou uma dívida de 29 436 reais de Lula para com o PT? A dívida teria sido contraída em 2002, quando Lula ainda era candidato. Teria pago gastos com viagens e passagens aéreas da hoje primeira-dama, Marisa Letícia. Há três semanas, durante o depoimento de Delúbio Soares à CPI dos Correios, o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) perguntou ao ex-tesoureiro petista se o pagador do débito teria sido o empresário Marcos Valério. Delúbio se limitou a dizer: "Não vou me pronunciar sobre esse assunto". O débito foi quitado em quatro parcelas, em uma conta do PT, entre 2003 e 2004, ou seja, quando Lula já era presidente e Marcos Valério o operador das finanças do partido.
À pergunta sobre a identidade do pagador, o PT respondeu com um prolongado silêncio. Na semana passada, no entanto, depois que uma planilha encaminhada pelo Banco do Brasil à CPI dos Correios apontou Lula como depositário da dívida, apareceu uma outra explicação. Paulo Okamotto, ex-tesoureiro da campanha de Lula em 1989 e atual diretor-presidente do Sebrae, afirmou ter sido ele o pagador do débito. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo. Embora contradiga a planilha do banco, a versão de Okamotto foi endossada pelo PT. Okamotto é amigo do presidente. É ele quem administra as contas da família Lula. Para isso, contaria com a ajuda de outro grande amigo do presidente, o empresário Antoninho Marmo Trevisan. Trevisan participou da negociação que resultou no investimento de 5 milhões de reais feito pela Telemar na Gamecorp, empresa que tem como sócio Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente.
A versão de Okamotto, publicada uma semana depois de ele ter viajado com Lula para Garanhuns (PE) num vôo durante o qual os dois conversaram longamente , não foi suficiente para decifrar o enigma do empréstimo. Primeiro, porque carece de lógica. Na planilha do Banco do Brasil, Lula aparece como o pagador. Okamotto, no entanto, diz que pagou a dívida, e do próprio bolso. Mais: que não informou nada a Lula e que não se lembra da forma como fez os depósitos. Segundo, porque a explicação se choca com uma declaração do ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner. Em nome de Lula, Wagner afirmou que o presidente não tinha débito algum com o partido. Ora, bolas: então, Okamotto pagou um débito que não existia? E Lula aparece numa planilha pagando uma dívida que não tinha? Quando se fala em PT, dinheiro e dívidas, perguntas lógicas quase sempre carecem de respostas idem.
Juliana Linhares
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