Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

CHEFETE (e não líder) - artigo escrito por Wellington Cardoso Ramos


Chefete (e não líder)


Wellington Cardoso Ramos - escrito em 27/12/2009

Alguns chefes parecem encarnar o diabo nas suas relações com os subordinados. Julgam-se chefes para sempre (no mínimo o medo do dia seguinte deveria ser sempre motivo de reflexão sobre os nossos comportamentos) e agem como feitores. Sentem-se no direito, não de comandar. Simplesmente mandam.

São pessoas que vivem cada dia como se dependessem do sofrimento alheio para atenuar suas próprias frustrações íntimas. Frustrações que não conseguem admitir nem ao conversarem com o espelho. Gente de peculiar capacidade para conquistar inimigos. E elas estão por aí, aos montes.

Mas, se destacam mesmo é no serviço público, que parece aflorar em algumas delas o sentimento de superioridade intelectual absoluta, ainda que, profissionalmente, só tenham a aprender.
Alguém, sabiamente, disse que, “se queres conhecer uma pessoa, dê-lhe poder”. Nada mais verdadeiro. Os poderes nivelam as pessoas em se tratando da prática do mal: seja ele econômico ou político. Ah! Como o poder mexe com as pessoas!

Subordinados ou ilustres desconhecidos de ontem se revelam com o poder lhes proporcionado. Parecem outras pessoas. Põem pra fora seus instintos covardemente adormecidos quando não têm o poder de mando.

Há os que aproveitam o poder de mando para tirar dos comandados, em benefício do interesse coletivo ou da empresa, o que cada um deles tem de melhor. Maltratado, o homem (e a mulher) também empaca. O comandado estimulado, valorizado e respeitado rende, às vezes, até mais do que pode. Talvez seja por isso que em um time de futebol, por exemplo, determinado atleta, mesmo sem ser craque, rende mais que em outro. A diferença está no comando.
Na reta final do Campeonato Brasileiro de 2009, o Fluminense mostrou o que um grupo sem grandes profissionais, mas motivado (e isso não é apenas ter salários recebidos em dia), é capaz de fazer. Até o impossível.
Tem chefe que esculhamba o subordinado na presença de outras pessoas, mas pede desculpas quando estão a sós, baixinho, como que querendo esconder-se de si mesmo. Existe aquele que, para aumentar a agonia do comandado esculhambado, ainda diz que vai levar o assunto da discórdia unilateral ao seu próprio superior ou chefe máximo, com quem, provavelmente, nem tenha o trânsito que faz parecer ter. Aliás, tem chefe que adora se dizer da cozinha de quem manda também nele. “Somos assim, ó!” – costuma dizer para “aumentar” o seu poder aos olhos do subordinado.
Quanta mediocridade!
Por aí afora existem chefes aos montes. Mas, poucos deles são líderes. A maioria dos que são apenas chefes tenta esconder a própria incompetência atrás da arrogância e da petulância com que trata os trabalhadores que comanda.

E quase sempre se servem da inteligência e da competência dos subordinados para apresentarem aos superiores, resultados obtidos por outros como se fossem seus. A esse tipo de gente normalmente também falta caráter.
São chefes que só dão nomes aos subordinados para o próprio superior quando as coisas sob a sua responsabilidade saem erradas e precisam “tirar o seu da reta”. Aí, a culpa é dos subordinados, que não têm chance de se defender. Quando não há reparos a fazer, ficam sozinhos com os louros. Nunca atribuem o sucesso aos comandados, mas apenas os fracassos.
Já presenciei muitos chefes entregando relatórios a superiores como se fossem os seus autores. Ou que quando vão ser submetidos a questionamentos sobre assuntos de sua responsabilidade fazem questão de levar a tiracolo o assessor que carrega o piano, mas nunca é valorizado.
Não é incomum encontrar esse tipo de gente atribuindo a si mesma expressiva parcela de responsabilidade pelo sucesso do superior. Gente que adora dizer para os subordinados que apenas ele tem coragem de marcar posição diante de uma atitude do superior que não foi do seu agrado. Em verdade, a esse tipo de gente também falta coragem. Sempre está com o “rabo no meio das pernas”.
Observe esse tipo de gente, que se situa na faixa que separa quem manda de fato e os que estão na ponta: ri de orelha a orelha com qualquer piada sem graça contada pelo superior, ainda que seja o próprio alvo da gozação, e está sempre de cara amarrada para o subordinado. Quase nunca deixa o comandado expor em detalhes o que pensa. Julga-se inteligência superior, que não precisa ouvir o que tem a dizer quem está no degrau debaixo.
Está sempre atrasado, mas adora ser “rigoroso” com o tempo (dos outros). Muitos não fazem nada, mas vivem botando defeito no serviço alheio. Até mesmo sobre o que não entende.
Ah! Mas não é só isso. Quase sempre esse tipo de gente, se homem, se engraça com subordinada. Acha que a chefia transitória que ocupa lhe dá o direito de também assediar sexualmente. Quase sempre insinua para o amigo que o visita estar “ficando” com a subordinada que também encheu os olhos do visitante. Só pra se dizer macho, quando, em verdade, é um babaca.
Ah! Que capacidade tem esse tipo de gente para tornar tenso qualquer ambiente de trabalho. De desmotivar aqueles que deveriam estar estimulados, em prejuízo até mesmo de quem o alçou à condição de chefe, confiando em sua capacidade de liderar e de transformar em realizações as suas orientações.
A falta de caráter desse tipo de pessoa é tamanha que é capaz de sorrir sempre que precisa de um favorzinho pessoal, mas de ficar carrancuda quando é a outra pessoa quem precisa dela. A menos que o necessitado do favor seja seu superior. Nesse caso, “é um prazer servi-lo”.
A maioria dessas pessoas não precisa mais do que três meses para ser esquecida.
Não é menos verdadeiro também que existem subordinados que querem sombra e água fresca o tempo todo. Não têm compromisso com suas obrigações e não estão nem aí para o resultado da máquina em que representam uma peça – às vezes defeituosa. Ignoram que em uma engrenagem toda peça é importante. Iniciam a semana pensando no que fazer pra enrolar o tempo de forma que a sexta-feira chegue o mais rápido possível, ignorando que em ambiente profissional o trabalho é capaz de fazer o relógio andar mais rápido.
Também não é menos verdadeiro que alguns comandados ajudam a moldar o chefe, para o bem ou para o mal. Há até quem “estrague” o chefe com o excesso de puxa-saquismo. E ainda aqueles que sonham mandar e usam o nome do chefe para ver alguém cumprindo suas próprias ordens, que jamais vieram de cima.
Há aqueles que exteriorizam imagem irreal do chefe. Vivem emburrados e a culpa é sempre do chefe. Nunca assumem suas deficiências, nem procuram melhorar.

Entre as qualidades de um verdadeiro chefe/líder está a capacidade de distinguir uns e outros, quem não lhe puxa o saco, mas tem qualidades morais, intelectuais e profissionais e as usa o tempo todo, e quem lhe puxa-saco, solícito para tudo que não se relaciona com o trabalho. O verdadeiro chefe/líder é capaz de encontrar valores em cada um de seus comandados e saber explorá-los. É capaz de não se deixar seduzir pelo bajulador.
Para todos aqueles que essa crônica puder levar a um minuto de reflexão, a ajuda do texto de Carlos Baccelli/Irmão José: “Senhor Jesus, diante do sucesso neste ou naquele empreendimento, não nos deixes vangloriar-nos dos méritos que não possuímos (...) As oportunidades se alternam para todos os filhos de Deus, que não privilegia ninguém. Se hoje conquistamos posição de destaque, é possível que amanhã tornemos à obscuridade. Não nos deixes, pois, esquecer da transitoriedade de tudo e que sejamos magnânimos para com todos”.

Um líder entenderá o significado desta crônica, o simplesmente chefete, não.
“Pensa como pensam os sábios,
mas fala como falam as pessoas simples”. (Aristóteles)
(escrito em dezembro de 2009)

***


Ao considerar alguém como lider,
pense antes em que tipo de gente ele lidera.




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