O Efeito Nefasto da Afirmação e Repetição
Gustave Le Bon, in 'As Opiniões e as Crenças'
Publicado por pns em novembro 8, 2004
A afirmação e a repetição são agentes muito poderosos pelos quais são criadas e propagadas as opiniões. A educação é, em parte, baseada neles. Os políticos e os agitadores de toda a natureza fazem disso um uso quotidiano. Afirmar, depois repetir, representa mesmo o fundo principal dos seus discursos.
A afirmação não precisa de se apoiar numa prova racional qualquer: deve, simplesmente, ser curta e enérgica, e cumpre que impressione. ...
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Suficientemente repetida, a afirmação acaba por criar, primeiramente, uma opinião e, mais tarde, uma crença.
A repetição é o complemento necessário da afirmação. Repetir muitas vezes uma palavra, uma idéia, uma fórmula, é transformá-las fatalmente em crença. Do fundador da religião ao negociante, todos os homens que procuram persuadir a outros têm empregado esse processo.
O seu poder é tal que se acaba por crer nas próprias palavras assim repetidas e por aceitar as opiniões que habitualmente se exprime.
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Tendo adoptado opiniões simplesmente porque lhes são úteis, o político, à força de sustentá-las, acaba por nelas acreditar; e muito dificilmente se liberta delas, mesmo quando se torna vantajoso mudá-las. O hábito de louvar a virtude teria acabado, talvez, por tornar virtuoso o próprio Tartufo.
As convicções fortes podem, assim, provir de convicções fracas ou mesmo, simplesmente, simuladas. «Fazei tudo como se acreditásseis», disse Pascal, «isso vos fará crer».
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