Sonho e pesadelo

 

 

Chega a hora da contagem de votos.  Como já esperava, finalmente se vê Presidente daquela República tupiniquim que tinha tudo para se tornar uma grande República (não apenas em tamanho).

 

Imediatamente, telefona para os novos ministros, já listados anteriormente sem a preocupação de  agradar alhos ou bugalhos, pois seu principal interesse não era agradar ninguém, nem pretendia se aproveitar pessoalmente.  Pega a pequena relação para avisá-los:  "Seu trabalho começa amanhã".

 

 

Altera a quantidade de ministérios que passarão a ser apenas 6:  Educação, Saúde, Forças Armadas (dividida em 3), Economia e Infra-Estrutura. Cada ministério teria seu setor de ouvidoria para que avisassem tudo o que fosse feito de errado.

 

 

Pede ajuda imediata  (apoio quem dá é bengala) às três forças que comporão o Ministério das Forças Armadas. No dia seguinte, com a ajuda de que precisava, toma sua primeira decisão (decidida há muito tempo): diz ao Exército para colocar seus tanques  -envelhecidos, mas ainda em boa forma - nas ruas e partir para fechar o Congresso. Tudo será recomeçado numa eleição da qual participarão apenas  gente séria com currículo de acordo com o cargo que pretendesse ocupar apenas por vocação e competência, não por interesses pessoais, que seriam imediatamente cortados.  Decisão muito mal vista e bastante antipática, porém encarada como a única saída  (*).

 

 

Pede a 'um renomado Ives Gandra' para que faça uma reunião com entendidos no assunto e estudem a Constituição para  'enxugá-la'.  Ela deverá ser  curta e grossa,  principalmente com a retirada de todos aqueles meandros e brechas colocados com o objetivo de facilitar algumas 'saídas'.  O mesmo deverá ser feito, posteriormente, com nossas leis, num prazo justo, mas que será irrevogavelmente determinado.

 

As urnas eletônicas serão eliminadas, por se tratar da vontade de grande parte dos brasileiros conscientes. O número de deputados e vereadores deverá ser diminuído drasticamente e serão eliminados todas as vergonhosas vantagens a que só teriam direito em países de nível educacional bem baixo.

 

...

 

 

Toca o despertador e o "presidente" percebe que estava dormindo.  Que saco! Não  pudera terminar tudo nem mesmo em sonho !

 

 

Vai até a porta e pega o jornal que já chegara. Logo na primeira página, então, percebe que vivia num eterno pesadelo.

(*)   Vamos supor que você precise de alguma máquina. Corre e vai apanhá-la dentro de um armário em que não mexe há muito tempo. Ao pegá-la, percebe que está toda enferrujada, imunda e não funciona mais como deveria.  O que você faz?  Manda consertar a máquina (que parece não ter mais conserto) ou compra outra nova?    Acredita que nosso Congresso tem conserto?