Já que a principal qualificação da  presidente Dilma Rousseff é a excelência gerencial, pelo menos na propaganda  oficial, analisemos seu governo à luz da organização de sua estrutura  administrativa, agora que mais uma secretaria com status de ministério, a da  Micro e Pequena Empresa, foi criada. São 24 ministérios, mais dez secretarias  ligadas à Presidência e cinco órgãos com status de ministério, ao todo 39  ministérios, um recorde na História do país, além de uma dimensão que está  dentro do que se conhece como "coeficiente de ineficiência", definido em estudo,  já relatado aqui na coluna, de três físicos da Universidade Cornell, Peter  Klimek, Rudolf Hanel e Stefan Thurner, depois de analisarem a composição  ministerial de 197 países.
 
O estudo chegou à conclusão de que  os governos mais eficientes têm entre 19 e 22 membros. O Brasil estaria no mesmo  nível de ineficiência ministerial do Congo (40); do Paquistão (38); de Camarões,  Gabão, Índia e Senegal (36), entre outros. O empresário Jorge Gerdau, que atua  como consultor do governo para melhorar sua gestão, perdeu a paciência com a  situação e disse, em recente entrevista, que "tudo tem o seu limite. Quando a  burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai  um saneamento. Nós provavelmente estamos no limite desse  período".
 
Para Gerdau, o país poderia ter  apenas uma meia dúzia de ministérios, que são os que realmente a presidente  Dilma controla diretamente. Os demais "ministros" raramente estão com a  presidente, e alguns nunca foram recebidos por ela em audiência nestes mais de  dois anos de governo. Napoleão Bonaparte concordava com Gerdau e dizia que nos  altos níveis não se comanda com eficiência mais de sete  subordinados.
 
O número de ministérios no Brasil  tem aumentado a partir da eleição de Tancredo Neves, em 1985, segundo o  cientista político Octavio Amorim Neto, da Fundação Getulio Vargas do Rio, um  estudioso da formação de governos, e seu levantamento vale a pena ser  republicado por refletir a necessidade crescente de composições políticas,  acrescida da busca desenfreada de minutos de propaganda eleitoral. Antes de  Tancredo, o governo Figueiredo tinha 16 membros, além dos cinco ministérios  militares: Marinha, Exército e Aeronáutica, SNI e Emfa. Eleito, uma das  primeiras coisas que Tancredo Neves fez foi aumentar o número de ministérios,  para acomodar na sua coalizão uma série de facções do PMDB e do antigo PDS,  transformado em Frente Liberal.
 
O primeiro Ministério de José  Sarney, herdado de Tancredo, tinha 21 ministros, com três ministérios novos: da  Cultura, da Reforma e Desenvolvimento Agrário, e o de Ciência e Tecnologia. O  governo de Fernando Collor reduziu radicalmente o Ministério para dez, chegando  a 12 no final, antes do impeachment, o que alimenta a tese de que ele caiu por  não ter mantido bom relacionamento com o Congresso, e não pelas falcatruas de  que era acusado.  Se falcatrua fosse motivo para vergonha nacional, Brasília já deveria ter desaparecido do mapa.
 
Quando Itamar Franco assumiu, na  crise da deposição de Collor, uma das primeiras coisas que fez foi ampliar o  número de ministérios para 22, tendo sido criado o Ministério do Meio Ambiente.  O tamanho dos ministérios ficou em torno desse número no governo Fernando  Henrique Cardoso, embora também ele tenha criado mais três pastas: a do  Planejamento, a da Defesa e a do Esporte, e uma série de secretarias para  acomodar facções políticas. A partir dos governos petistas, especialmente depois  da crise de 2005, a criação de ministérios disparou: saltou das 21 pastas do  último ano do governo Fernando Henrique Cardoso para 34 no primeiro mandato de  Lula, 37 no segundo e, agora, 39 com  Dilma.
Doc: Nº 79 – 2013
 
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