Bichos (ingleses e irlandeses), / Bichos de todas as partes! / Eis a mensagem de esperança, / No futuro que virá! / Cedo ou tarde virá o dia, / Cairá a tirania / E os campos todos da Inglaterra / Só aos bichos caberão! / Não mais argolas em nossas ventas, / Dorsos livres dos arreios, / Freios e esporas, descartados, / Chicotadas abolidas! / Muito mais ricos do que sonhamos / Possuiremos daí por diante / A Revolução dos Bichos / O trigo, o feno, e a cevada, / Pasto aveia e feijão! / Brilham os campos da Inglaterra, / Águas puras rolarão. / Ventos leves soprarão / Saudando a redenção! /
Lutemos todos por esse dia / Mesmo que nos custe a vida! / Cavalos, vacas, perus e gansos, / Liberdade conquistemos! / Bichos ingleses e irlandeses, / Bichos de todas as partes!
*
É sobre a revolução provocada por alguns bichos que viviam na Granja de um proprietário com o nome de
Jones. Eram bichos mal tratados. Muitos deles,
tolhidos por sua subserviência e ignorância, nem sabiam disso e muito menos percebiam sua verdadeira
situação. Acreditavam, ainda, que tinham uma situação excelente, o que os levava a adorar o explorador
Sr. Jones. A IGNORÂNCIA É O PIOR INIMIGO DO HOMEM!
Enquanto isso, outros se revoltavam até que, um dia, ocorreu
a revolução dos bichos, ocasionada pela insatisfação de muitos deles.
Um dos bichos mais conhecidos era um porquinho gordo chamado
Garganta. Por manejar muito bem as
palavras, tinha o poder de convencer a
todos de tudo o que queria. Diziam, por causa disso, que Garganta seria capaz até
de convencer que o preto era branco.
Um dia, o explorador Sr. Jones acabou
sendo expulso. A Granja do Solar, ao se tornar a granja dos bichos, teve seu nome trocado e passou a se chamar GRANJA DOS BICHOS. Segundo eles, a Granja dos Bichos deveria reger sua vida eternamente, a partir daquele instante. Concordaram, então, que nenhum animal jamais habitaria a
casa central, a chamada ‘casa grande’.
Tudo
quanto enxergavam era deles!
Mal
podiam acreditar: tudo era deles.
Pararam
silenciosos junto à porta da casa-grande.
Era deles também!
Foram feitos sete Mandamentos. Como deveriam ser cumpridos por TODOS, foram escritos numa parede em grandes letras para
que todos os lessem mesmo que estivessem a uma certa distância.
OS SETE
MANDAMENTOS: 1. Qualquer
coisa que ande sobre duas pernas é inimigo;
2. Qualquer
coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo; 3. Nenhum animal usará roupas; 4. Nenhum animal dormirá em cama; 5. Nenhum animal beberá álcool; 6. Nenhum animal matará outro animal; 7. Todos os animais são iguais.
Primeiro acontecimento esquisito : "Eia, camarada!"
Logo após a
revolução, as vacas, inquietas, começaram a mugir porque há muitas horas não eram ordenhadas. Depois de pensar
no que fazer, os porcos pediram baldes e ordenharam as vacas com algum êxito, embora
não estivessem acostumados a essa nova tarefa. Ao acumularem baldes de leite, perguntaram o
que fazer com o leite que estava nos baldes. Nisso, um deles, um grande líder dos bichos,
disse que não se preocupassem com aquilo. Se postou diante dos baldes e se encarregou de
cuidar do assunto, pois importante, mesmo, seria a colheita. “Eu seguirei dentro de alguns minutos.
Avante, camaradas! O feno está à espera.” - os animais marcharam para o campo
de feno, para o iniciar a colheita. Ao
votarem, à tardinha,
notaram que o leite havia desaparecido.
Os bichos, bem mandados, conseguiram, enfim, se dar bem na
colheita, embora não fosse um hábito seu. No entanto, seus ‘líderes’, os porcos, não
trabalhavam, propriamente, apenas dirigiam e supervisionavam o trabalho dos
outros.
Apesar de muito trabalho,
os
bichos estavam satisfeitíssimos, pois acreditavam que a comida era realmente
deles, produzida por eles e para eles...
Aos domingos não se
trabalhava e a refeição matinal era uma hora mais tarde . Depois , havia uma cerimônia que se realizava todas as
semanas, começando com o hasteamento da bandeira. Após o hasteamento da bandeira, todos se
dirigiam ao grande celeiro, para uma assembléia geral chamada de "a
Reunião", em que Lá planejavam e discutiam as resoluções, em que era planejado o trabalho da
semana seguinte e as resoluções que haviam sido tomadas... pelos porcos, os líderes. “Os outros animais
aprenderam a votar, mas nunca conseguiram imaginar uma resolução por conta
própria. “
Os bichos passaram a ser conclamados por diversos meio de Comitês de Animais.
Como a maior parte dos animais não se conformavam em
aprender mais nada do que já sabiam, principalmente ler e escrever, os Sete
Mandamentos foram condensados numa única máxima, que era: "Quatro pernas
bom, duas pernas ruim." Seria,
esse, o princípio essencial do Animalismo. Quem
o seguisse firmemente, estaria a salvo das influências humanas. Embora alguns não
compreendessem direito o que lhes passavam, aceitaram como verdade tudo o que diziam os mais entendidos. Desse jeito, os bichos “mais
modestos” se dedicaram a aprender de cor a nova máxima.
Dá para
imaginar o que aconteceu daí em diante: os animais que detinham a liderança
foram crescendo, às custas dos animais mais humildes que sempre acreditavam na
bondade de seus líderes aproveitadores, sem perceber que continuavam a ser
usados como eram antes, embora de maneira diferente e mais tapeadora. Se
acostumaram e aceitaram a idéia inescrupulosa da grande necessidade de todos os animais estarem
prontos a morrer pela Granja dos Bichos, quando fosse preciso que o fizessem.
Dentre outras coisas, no lugar do sete mandamentos que
viraram uma única frase, agora havia “um único
Mandamento que afirmava: TODOS
OS ANIMAIS SÃO IGUAIS MAS ALGUNS ANIMAIS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS (Lembram quando
um ex-presidente, suposto adorador dos trabalhadores, disse que “Sarney não é uma 'pessoa comum” ? Talvez ele pensasse - esperamos que não pense mais - que esse José Ribamar, que
se transformou num Sarney, seja mais animal do que os outros !)
Com a desculpa esfarrapada de que teriam uma ou outra
vantagem apenas para se cuidarem mais, pelo bem dos próprios outros bichos, os líderes
foram se tornando cada vez mais autoritários e se aproveitando cada vez mais. Até que...
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