Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


domingo, 26 de setembro de 2010

Em especial, para o Anderson: ASSIM É A POLÍTICA ...



...  você escolhe um e leva dois!  
(às vezes nem leva nada, o que pode ser melhor!)

O texto abaixo,  enviado pelo Anderson  - Artigos, Crônicas e Memoriais), fala sobre a imoralidade  política.  Imoralidade por imoralidade, abaixo do artigo está um vídeo ...
(http://andersonleitelima.blogspot.com/
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- Assim é a política -
Escrito por Frei Beto

Assim é a política: horizontes de sonhos para os quais se caminha sob o peso das bolas de ferro presas ao tornozelo. Não há rotas lineares; todas são labirínticas, acidentadas. Em cada curva, uma surpresa, obrigando o viajante a mudar de ritmo e refazer seu mapa. Nas costas, a sacola atulhada de vaidades intransponíveis, maledicências, frituras e bajulações desmedidas.

Nela se ingressa sem passar pela prova da competência, nem se exige atestado de integridade moral e, no caldeirão dos eleitos, misturam-se honestos e safados, probos e corruptos.

Financiada pelo contribuinte, a política administra recursos que bem podem ser canalizados para favorecer os direitos da maioria, ou desviados para engordar contas escusas, atividades ilegais, caixas de campanhas ou mordomias injustificáveis. Ladrões da bolsa pública não costumam arrombar o cofre da legislação. Conhecem o seu segredo e, assim, julgam-se inocentes por enfiarem a mão na brecha percebida entre o emaranhado de leis.

Assim é a política: discursa enfatizando o interesse público, mas o orador tende a pensar primeiro em seu alpinismo rumo ao cume do poder. Como a escalada é longa, difícil e perigosa, ele aprende a fazer concessões, abrir mão de princípios, enveredar-se por atalhos suspeitos, reinterpretar suas antigas convicções, desde que não retroceda.

A política não é um campo aberto, no qual o sol destaca frutos e flores. É um cipoal sobre um pântano. Qualquer passo em falso, a queda pode ser fatal. Nem é a política o reino maniqueísta do claro e escuro, certo e errado, bom e mau. Tudo se mescla, as cores se misturam, as posições são flexíveis; as opiniões, elásticas. O que é hoje pode não ser amanhã. O que se diz agora não é necessariamente o que se fará depois. O vidente de ontem pode aparecer, hoje, como um cego desprovido de tato.

Assim é a política: uma dança em que cada bailarino escuta um ritmo diferente. Uma orquestra em que cada instrumento toca uma música distinta. Um coro em que cada cantor entoa segundo sua própria conveniência.

A política é o resultado da sociedade que a produz e, em seu espelho, reflete todas as contradições. E ainda que as estruturas sociais fossem justas, a política continuaria a ser o efeito dos defeitos do coração e dos desvarios da razão — que não são poucos, enquanto o ser humano não for capaz de reinventar a si mesmo.

Assim é a política: entre tanto esterco, um diamante lapidado, um administrador eticamente ousado, um parlamentar que perde o mandato mas não a moral. Mas nela também há lugar para o jogo de cena, a mentira deslavada e as lágrimas de crocodilo.

A política é uma senhora sisuda que se julga bela e sedutora, acima de qualquer juízo. Irrita-se quando a criticam. Odeia cobranças. Mas mendiga, em cada esquina, reconhecimento e elogios. Alimenta-se da mesma ração de Narciso.

Assim é a política: uma igreja em que todos se julgam com vocação para papa; uma seita em que todos se acham profetas; um púlpito em que todos proferem vaticínios. Mas onde as palavras tardam em se transformar em atos, e as idéias e projetos, em realizações. São freqüentes, entretanto, as acusações de heresia, as excomunhões, as reincidências no pecado. E como os degraus da conveniência, rumo ao ápice do poder, são mais lapidados que as escarpas dos princípios, não são raros os arrependimentos, a volta à grei, o exorcismo de antigos propósitos.

Comentários na página acima. 
  


2 comentários:

  1. Sinto-me lisongeado por ter meu nome citado neste blog.

    O texto é de autoria de Frei Betto, um brasileiro, que é chamado pelos neoliberais de "AMANTE DE DITADURAS".

    Como diria um personagem corriqueiro " nunca na história deste país" houve alguém que escrevesse sobre política com tamanha propriedade.

    Um grande beijo (respeitoso) amiga Jurema.

    Espero que após escolhermos a nova corja que habitará no congresso, possamos nos encontrar neste ótimo blog para debatermos idéias e discutirmos rumos, a fim de propormos leis ou projetos que são de extrema importância para a sociedade.

    Sinceros e Fraternos Abraços.

    Anderson Leite Lima.
    Artigos, Crônicas e Memoriais.

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  2. Anderson, Frei Beto!!! Vou acrescentar o nome ao final do texto. Que texto!

    No mês passado, vimos o Frei Beto, que também estava num hotel em Concórdia. Um tanto barrigudo, cabelos brancos e meio barbado. O que chamou a atenção, foi a calça com suspensório, senão nem teria reparado nele.

    Se fosse hoje, iria falar com ele sobre esse artigo. Gostaria de saber em que - em quem - ele estaria, mais precisamente pensando quando escreveu.

    Um abração, Ju

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