Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


domingo, 29 de julho de 2012

'Se o réu é culpado, a pena foi pouca. Se o réu é inocente, a pena foi muita.'


Portanto, faça-se a justiça dos homens.
História de um filme francês

CRIACIONISMO - Michaelson Borges

A exemplo da conclusão de “Justice Est Faite”, alguém poderia dizer: “Se o réu é culpado, a pena foi pouca.” Mas não houve pena alguma; não há sequer o conforto de dizer que “de qualquer forma, a justiça dos homens foi feita”. Uma turba aglomerada do lado de fora do tribunal toma conhecimento do veredicto. Comoção. Tumulto. A polícia busca proteger o trio retirando-o de camburão. O filme termina com a viatura em chamas e seus três ocupantes – os dois culpados e o inocente – carbonizados.


André Cayatte (1909-1989) graduou-se em Direito e doutorou-se em Filosofia e Letras. Em 1938, contratado por um estúdio cinematográfico para examinar um caso de plágio, interessou-se pela sétima arte e resolveu seguir carreira no cinema. Primeiro, foi roteirista; depois, diretor. Doze anos mais tarde, venceu o Leão de Ouro em Veneza com “Justice Est Faite” (“O Direito de Matar” ou Justiça Seja Feita). O filão explorado por Cayatte abordava dois dentre os temas mais valorizados em dramaturgia adulta: a busca pela verdade e o apelo à justiça. O cineasta costumava participar de seus filmes por meio de pequenas intervenções. “Justice Est Faite”, por exemplo, conta a história do julgamento de um crime com previsão de pena capital.


Sensibilizado com o clamor do réu, o juiz se atormenta em dúvidas e o condena a oito anos de reclusão. Genial como de hábito, Cayatte enriquece a história com sua visão de jurista: “Se o réu é culpado, a pena foi pouca. Se o réu é inocente, a pena foi muita. De qualquer forma, a justiça dos homens foi feita.”



Em 1963, Cayatte lançou “Le glaive et la balance” (“Dois são culpados” ou A Espada e a Balança), com destaque para Anthony Perkins, o demente de “Psicose”. Outra história de julgamento. Um garoto é sequestrado e morto. Três suspeitos são detidos. Pelo abundante relato de testemunhas é indubitável que dois deles cometeram a barbárie. O terceiro apenas teve o azar de estar nas proximidades da cena do crime. Sendo impossível precisar qual dos três é o inocente, cada um dos advogados de defesa busca convencer o júri da insuficiência de provas para a condenação de seu respectivo cliente. A estratégia resulta eficaz. Dada a altíssima possibilidade de cada suspeito ser inocente, os jurados concordam que todos poderiam ser, em tese, inocentes. São, então, absolvidos em bloco.


A exemplo da conclusão de “Justice Est Faite”, alguém poderia dizer: “Se o réu é culpado, a pena foi pouca.” Mas não houve pena alguma; não há sequer o conforto de dizer que “de qualquer forma, a justiça dos homens foi feita”. Uma turba aglomerada do lado de fora do tribunal toma conhecimento do veredicto. Comoção. Tumulto. A polícia busca proteger o trio retirando-o de camburão. O filme termina com a viatura em chamas e seus três ocupantes – os dois culpados e o inocente – carbonizados.

O desfecho da ficção acima ajuda a compreender o zelo intransigente e quase inquisitorial dos arautos do macroevolucionismo, também conhecido como Teoria Geral da Evolução ou TGE. Em seu século e meio de reinado, ela mudou profundamente a forma de o indivíduo relacionar-se consigo mesmo e com o seu semelhante. Embora parte dos evolucionistas acredite em Deus (ou algo similar), a TGE prescinde inteiramente dessa possibilidade. Ela é filha dileta do naturalismo mecanicista, um pressuposto puramente filosófico. Semelhante a Saturno, a TGE gerou, ao menos em parte, vários e destrutivos “ismos” em seu ventre: relativismo, ateísmo, hedonismo, existencialismo, nazifascismo, socialismo, entre outros. Essa Caixa de “Pandorismos” vem influenciando os pensamentos e atos de significativa parcela da humanidade.


Abramos agora um parêntese: sabemos que ninguém suporta o logro. Melhor dizendo, ninguém suporta ser logrado. A frustração e o rancor do lesado costumam ser, no mínimo, proporcionais à crença investida no engodo e à extensão final do prejuízo. Guardemos para mais adiante esse conceito: EXTENSÃO FINAL DO PREJUÍZO.

 
Restante do artigo no blog citado no início da página.



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