Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


sábado, 4 de agosto de 2012

Recordar é viver - Merval Pereira


Merval Pereira
 
 
O feitiço acabou se virando contra o feiticeiro. Se a polêmica sobre o desmembramento do caso do mensalão na Justiça, levantada pelo advogado Marcio Thomaz Bastos, tinha a intenção imediata de implodir o julgamento no Supremo Tribunal Federal e, como efeito colateral, atrasar o processo a ponto de impedir que o ministro Cezar Peluso possa votar antes de se aposentar, o efeito foi outro.


O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, ficou sozinho no palco, e sua acusação dominará o noticiário durante todo o fim de semana. A defesa, que dividiria com ele esse segundo dia de julgamento, só será protagonista dos trabalhos a partir de segunda-feira.


Nesse intervalo, ficará única para a discussão da opinião pública a peça acusatória de Gurgel, que fez relembrar os detalhes daqueles dias de crise política de 2005, quando a todo o momento surgia um fato novo para estarrecer a cidadania.


Diante da profusão de provas e evidências desfiadas pelo Procurador-Geral, fica muito difícil sustentar que o mensalão foi uma farsa, que nunca existiu.
Essa tese passou a ser mais facilmente disseminada nos anos seguintes à crise, quando o ex-presidente L.I. (alteração feita no texto)  se recuperou do golpe e passou a fazer um governo muito popular, que permitiu que mudasse de posição diante da maior crise de seu governo sem que lhe fosse cobrada mais rigorosamente essa incoerência.


Daquele homem arrasado que pensou em renunciar ao mandato no fundo de uma depressão, e que pediu perdão aos brasileiros, dizendo-se traído, ao líder arrogante que passou a defender todos os envolvidos e disse que se encarregaria de demonstrar “a farsa” do mensalão, que teria por objetivo derrubá-lo do poder, vai uma distância muito grande que nada justifica, a não ser a decantada capacidade do brasileiro de a cada quinze anos esquecer os últimos quinze anos, segundo Ivan Lessa ou, mais pessimista ainda, Millor Fernandes que dizia que a cada 15 minutos o brasileiro esquece os últimos quinze minutos.


Pois a acusação do Procurador-Geral Roberto Gurgel teve a virtude de relembrar as “tenebrosas transações” que ocorreram naquele período, desde os carros-fortes que carregavam a dinheirama dos mensaleiros até a lavagem do dinheiro em diversas modalidades financeiras e os saques na boca do caixa, tudo se encadeia, perfeitamente provado em perícias e documentos.


Diante do exposto, inclusive das confissões feitas rigorosamente por todos os acusados, fica impossível alguém afirmar que não houve uma movimentação ilegal de dinheiro entre o PT e seus aliados políticos, com a utilização de diversas manobras para mascarar as negociações.


A tese do mero caixa dois para pagamento de campanhas eleitorais fica fragilizada diante do sofisticado sistema de desvio de dinheiro público montado para irrigar os cofres dos partidos políticos, c om empréstimos fictícios e contas no exterior.


E, mesmo que fosse verdade, o desvio de dinheiro público é um crime que não se atenua com o objetivo final da aplicação do produto do roubo, mesmo que tivessem feito doação a uma obra de caridade ou ao Fome-Zero, conforme salientou o Procurador-Geral.


A acusação encarou também os comentários de que não haveria provas nos autos para condenar o ex-ministro José Dirceu, classificando-os de “risíveis”.
Para derrubar essa visão, Roberto Gurgel salientou que as provas testemunhais têm o mesmo valor das documentais, e citou a teoria do “domínio final do fato” do jurista Heleno Fragoso, que define o autor do crime como aquele que pode decidir quanto à sua realização e consumação.


“Nas palavras do Mestre, seria autor não apenas quem realiza a conduta típica, objetiva e subjetivamente, e o autor mediato, mas também, por exemplo, o chefe da quadrilha que, sem realizar a ação típica, planeja e decide a atividade dos demais, pois é ele que tem, eventualmente em conjunto com outros, o domínio final da ação”.




Para enfatizar que José Dirceu era realmente o “mentor, protagonista e idealizador” do esquema, Gurgel citou o testemunho de diversos políticos, líderes partidários e empresários que negociavam pessoalmente com ele “entre quatro paredes”, algumas vezes até mesmo no Palácio do Planalto.


Roberto Gurgel chamou a atenção para o fato de que os chefes de quadrilha não mandam ordens por escrito, não combinam os golpes por telefone ou por emails. E mesmo sem o chamado “ato de ofício” é possível definir a responsabilidade de José Dirceu no comando da quadrilha.

Um comentário:

  1. oS PETRALHAS DESEJAM SAIAM OS DOIS JUÍSES E NÃO APENAS UM,PARA QUE LULA INFLUENCIE A DILMA NA NOMEAÇÃO DOS SUBSTITUTOS.ELES SABEM O QUE FIZERAM,POR ISSO TEMEM UM JULGAMENTOJUSTO.

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